Homenagem aos Homens da minha vida
Homenagem a um pequeno grande Homem. Pequeno em idade, faleceu jovem, num trágico acidente de viação. Trágico é soft, numa merda de um acidente de vida que o levou sem que o mundo o pudesse conhecer. Grande enquanto Homem, enquanto amigo, enquanto amor.
O meu primeiro amor não foi este. Aconteceu aos 13 anos, por isso lhe chamo amor 13, e dura até hoje. É um caso raro de amorite crónica grave. Esperemos que não seja fatal. Para mim. Ele, infelizmente, já faleceu.
Bom, voltando ao Zé, era assim que se chamava, Zé. Na altura em que morreu eu morri com ele e durante cinco anos não vi mais ninguém à minha frente. Preocupei-me em saber o que tinha acontecido naquele fatídico dia, dia 13 de Março, raios partam os dias impares!! Tentei arranjar um culpado, como se isso mo trouxesse de volta. Mas tinha que existir um culpado. Culpei todos. Deus, os médicos, os porteiros do HSM que não me deixaram entrar quando ainda estava vivo...sim, porque eu e o meu toque, arrastando um mar de carinho e um céu de amizade, iriamos curá-lo. A meu pedido, um pedido humilde sussurrado ao ouvido de Deus,ele sobreviveria. Só muito mais tarde, cinco anos depois,e com instalação muuuuuito lenta, consegui assumir a morte como única culpada daquela que foi, para mim, uma grande perda.
Na altura prometi-lhe, sim, porque enfiei na cabeça que passava as noites comigo, qual sombra sobre o meu leito. Sombra em forma de árvore, seca, escura, negra, tal como tu, com tronco curto e grosso e galhos muito longos, tortuosos e completamente despidos de folhas, que me abraçavam e aconchegam o meu sono. Árvore à qual me confessava e que me protegia das intempéries da vida. Prometi-lhe ter um filho a quem chamaria Zé. Só Zé. Não José, ou Manuel José, ou António José, só Zé. Ainda não me esqueci desta promessa e se a vida se desenrolar como parece, se o meu destino for a solidão no amor, se vier a ser mãe solteira, se o nome do meu filho for só meu, ele, o meu filho, chamar-se-á Zé, apenas Zé.
É em homenagem ao teu nascimento que o meu blog nasce a um dia impar. Dia 19 de Novembro, dia do teu nascimento, dia do dia em que o mundo ficou mais rico. Dia em que o mundo conheceu um negro de pele cabrita, olhar meigo, corpo esbelto e escultural. Negro de cabelo carapinha, com muito orgulho. Altivo, orgulhoso, pouco conversador. Negro amigo. Negro meigo. Negro amor. Negro rebelde e traquina. Negro nascido de uma mãe. Negro sem pai. Negro fruto de uma história amarga. Negro criador de vida, alegria e vontade de viver. NEGRO LINDO. Que saudades...
É ao amor no masculino que dedico este blog. A ti, apenas Zé, ao meu amor 13, ao meu amor 7, ao meu pai, ao meu professor Fernando, ao meu chefe Mário...
A vós Homens que me ajudaram a crescer e que fazem parte do teatro da minha vida, o meu muito OBRIGADO.
2 Comments:
um pensamento pouco altruísta... sei q estive no nascimento do teu blog... Parabéns! ;)
Tantas vezes me lembro deste nosso amigo...
Tantas vezes recordo os bons momentos passados...
Tantas vezes me lembro daquela ida ao HSM, naquela noite...
Mas recordá-lo pelas tuas palavras trouxe-me algo que não acontecia à muito tempo...
Lágrimas...
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