Wednesday, January 11, 2006

Adormeço em tuas águas


Quero confiar na fragilidade do que descubro a cada viajem. Quero fazer entrar o aroma do teu respirar e ser o cheiro do teu faro. Quero entranhar na bruma da tua presença e ficar por aí. Quero brilhar nas noites frias do inverso e iluminar-te. Quero adormecer nas tuas águas e sentir-me descansada. Quero raiar e aquecer o correr das tuas manhãs. Quero ver-nos reflectidos em sombra, num final de tarde de um dia difícil, recebendo no meu leito a tua face, acariciando os tons da tua alma, nos tormentos do que és. Quero pertencer às tuas águas e banhar-me na alegria do teu estar. Quero navegar a teu lado, sem amarras. Quero que fiques, que não estejas eternamente de passagem. Quero que te encontres, que me encontres e que mergulhes. Quero que sintas o despertar do meu desejo nas curvas da tua mão. Quero que serenes no amor do meu sentido. Quero-te na vida por minhas mãos despida e acariciada. Quero-te na luz, ainda que no crepúsculo dos meus dias, voando raso em redor. Quero-te no silêncio das águas, entornado sobre o meu corpo. Quero-te. E se te perderes eu espero por ti…no local do costume.

Agora, continuo ancorada no cais da saudade, esperando o vento para uma nova vida e chorando o paraíso perdido…

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