Wednesday, February 01, 2006

Confidências intemporais


Confesso ao dia que estou perdida no tempo sobresselente do que não vivi. E se o tempo também tem distâncias eu não as conheço, porque todos os dias se parecem contigo. As horas têm sido de silêncios e de angústias, mergulhadas no mar alto do que não procuro. Se pudesse fugir à evidência do amor, não hesitava, porque todas as linhas tortas me levam a ti. Envolvido pela luz do mistério que és, despertas em mim a vontade no que podemos ser e serves de farol ao meu barco sete, no mar alto verde das planícies movediças onde teimo em crescer. Caminhando pelas águas arde-me o que é meu mas não existe e afundo-me no banal do que encontras e te contenta. Se o pôr-do-sol no meu rosto é mais belo quando estás, porque não estás se me amas? E se não me amas porque não me dizes? Tudo me parece um corredor sem fim, por onde vou caminhar eternamente na procura do que tens que é meu. Submersa no que posso ser, não me agarro ao que me podes dar, porque quero muito mais. Na intimidade do que somos, do que fomos, não me negues a verdade do que sentes no que pesco, porque o porto sentido espera-te hoje mais do que nunca, tu és os pulmões do meu mundo e eu sinto-me a asfixiar. Esculpida pelo mar que transbordas sinto-me nua de esperanças, mas ainda que nua, ainda que gasta, aqui no sempre do que não conheço. Suspiro, desejando calmia nos dias que não me trouxeste, deixando o tempo passar na dor que sinto por não te ter, mas não sigo caminho algum, não tenho como. Quero ser salva pela flor, embalando os dias nas palavras do que escreves, palavras das quais não me consigo separar e fossem só as palavras…a maré esta vazia e eu encalhada ao teu destino. Tu quebras o horizonte do amor como casca de noz e ainda assim eu fico. O que se passa? Estarás tu à margem do tempo? Serás tu a sombra que sempre me acompanha? Se és vem ser metade de mim, porque morro e este é só menos um dia para acabar a vida que não quero porque não estás.

1 Comments:

Anonymous Anonymous said...

Um dia o mar acalma, e chegas a bom-porto...! Vais ver! Até lá, ainda que um pouco à deriva, mantém o leme seguro...

02 February, 2006 00:40  

Post a Comment

<< Home