Dói ouvir, quanto mais viver...
Geme o restolho triste e solitário, a embalar a noite escura e fria e a perder-se no olhar da ventania, que canta ao todo o velho campanário.
Geme o restolho preso na saudade, esquecido, enlouquecido, dominado, escondido entre as sombras do montado, sem forças e sem cor e sem vontade.
Geme o restolho a transpirar de chuva, nos campos que a ceifeira mutilou, dormindo em velhos sonhos que sonhou, na alma há magoa enorme, intensa, aguda.
Mas é preciso morrer e nascer de novo, semear o pó e voltar a colher, há que ser trigo depois ser restolho, há que penar para a prender a viver e a vida não é existir sem mais nada, a vida não é dia sim dia não, é feita em cada entrega alucinada, para receber daquilo que aumenta o coração.
Mafalda Veiga
Geme o restolho preso na saudade, esquecido, enlouquecido, dominado, escondido entre as sombras do montado, sem forças e sem cor e sem vontade.
Geme o restolho a transpirar de chuva, nos campos que a ceifeira mutilou, dormindo em velhos sonhos que sonhou, na alma há magoa enorme, intensa, aguda.
Mas é preciso morrer e nascer de novo, semear o pó e voltar a colher, há que ser trigo depois ser restolho, há que penar para a prender a viver e a vida não é existir sem mais nada, a vida não é dia sim dia não, é feita em cada entrega alucinada, para receber daquilo que aumenta o coração.
Mafalda Veiga
Dói a esperança que ouço no que se canta.
Dói a verdade do que é dito a cantar.
Dói o ciclo que acontece, quer queiramos quer não queiramos.
Dói a simplicidade do que nos desperta e levanta diariamente.
Dói o emprestar do nosso a alguém que vai partir, mais tarde ou mais cedo.
Dói receber de volta e guardar para o próximo que chegar, se chegar.
Dói o lutar, o acreditar no que é eterno mas não vive, só porque não tem que viver.
Dói o despertar todas as manhas sabendo que a verdade de hoje não é a verdade de amanhã.
Dói mutilar a verdade com cada mudança de rumo.
Dói traçar o destino ao contrario, pendurada de cabeça para baixo.
Dói acordar na esperança junto ao precipício e não cair.
Dói ouvir o que vivemos quanto mais vive-lo...
Blondy
0 Comments:
Post a Comment
<< Home