Batota!
Cadé a inspiração? Continuas a escrever de memórias? Andarás feliz e por isso não escreves? Gosto imenso quando escreves, mas prefiro saber-te feliz. Só podes estar feliz, tens o que queres, o que escolhestes e, sob esse ponto de vista, a sorte de um rei. A vida não te sorriu em muitas outras áreas ou talvez tu não lhe tenhas retribuído com um sorriso tão aberto. Mas aqui não. A vida sorri-te e tu retribuis, retribuis de vontade, por opção, a olhar para o conteúdo que mais baixa o prato da balança. Rei e rico.
Já disse adeus, está dito! Muito dificilmente volto atrás, aliás, como também tu. Salvo honrosas e justificadas excepções. Tu conheces a prática. Talvez por isso, sem medo de estragar ou de perder, me solte e te conte o que não me autorizo contar a mais ninguém.
Quando penso, ainda com alguma frequência, penso, mas já sem qualquer esperança, crença, desejo, magia ou confusão. Penso com a certeza do que vejo e não com fé naquilo em que acredito. E quando penso, ainda me caem as lágrimas, as lágrimas, a inocência, a entrega… tudo no chão, deixando um cheiro de descrença e nostalgia. Como o primeiro dia de chuva depois de um verão ardente. Olha como hoje. Hoje a terra tem um cheiro particular, um cheiro que espreitava há muito, mas sem certezas.
Ainda me dói cada pingo de incompreensão, de descrença, de descrédito, de distância, de ausência, de omissão… mas também me enche um mar de alegrias e vivências. Tenho dificuldade em acreditar que foram vividas a dois, porque foram intensas, viciantes, vincaram o meu corpo e a minha alma (se é que tenho, alma, corpo não há dúvida), mas não te viciaram, não te trouxeram, não se ressuscitaram. Foste ressuscitado por outra musa, como que reencarnado, numa e para uma nova vida, com outras crenças, outros ideais, outros amores… sim, porque, chama-me louca, mas acredito que durante muitos anos, também pensaste já ter encontrado o amor da tua vida.
Enganado mais uma vez, a menina que tantas vez te apareceu e partiu, como se fosse assombração, era só isso mesmo, um sonho…
Revolto-me por não perceber, culpo-me por teres morrido e recuso-me a acreditar que tu, sim tu, escolheste o lado da balança que não desceu. Gostava que me contasses o que, realmente, o fez elevar-se. Gostava de perceber, não só as gramas que fizeram cair o prato da esquerda (sim, porque eu só podia ser o prato da esquerda, quer pela femininidade, quer pela cor politica), mas também as que fizeram subir o prato da direita… Não tenhas receio de me veres cair da balança, já não caiu, e ajudava-me ver o mito completamente desacreditado.
Eu sei que não parece saudável, mas hoje, eu gostava de te ouvir dizer qualquer coisa diferente, tipo: “Não te amo”. Em vez de junta-te ao clube ou o teu prato caiu e eu segurei-me no que já estava seguro, no certo, no estável. Ironicamente talvez assim te sentisse mais perto, te sentisse mais feliz, me sentisse mais livre para ser feliz…talvez. Ou talvez não, já tive mais certezas na minha vida, o que actualmente não me parece propriamente mau.
Hoje escreveria o resto da noite e falar-te-ia da decoração nova do meu quarto, no facto de me ter rendido imenso as férias, em termos de trabalho, de já ter escrito dois artigos, de estar quase a terminar o relatório do estágio, finalmente! De ter tratado de tudo do carro sozinha, de ter dispensado a ajuda do meu pai, de estar em maré-alta mas junto a um porto enorme e não presa num cais de abrigo. De ter conseguido um acordo fantástico com o seguro, de me orgulhar da minha autonomia, de querer muito, mas ainda estar longe de conseguir. De já ter o meu cartão da ADSE, contra todas as probabilidades, e de poder comprar os óculos, porque cada vez estou mais míope (aos 33 anos vou parir uma criança já com óculos, se sair ao pai e puxar à mãe). E até de já ter conseguido fazer alguns gráficos no Excel. Não todos! Alguns não estão a colaborar. Mas não tenho tido vontade, desde que me despedi que te sinto mais distante que a lua, com quem ainda converso todas as noites em que aparece, quando vou regar e falar ao meu bonsai.
Portanto só te conto os pontos de interesse: preciso de ajuda para escolher os óculos e para acabar o relatório. Sem outras novidades.
Deixa-me usar de um dos teus ensinamentos dizendo que escrevo com a impunidade por que tantas vezes culpaste a arte…também há arte má.
Já disse adeus, está dito! Muito dificilmente volto atrás, aliás, como também tu. Salvo honrosas e justificadas excepções. Tu conheces a prática. Talvez por isso, sem medo de estragar ou de perder, me solte e te conte o que não me autorizo contar a mais ninguém.
Quando penso, ainda com alguma frequência, penso, mas já sem qualquer esperança, crença, desejo, magia ou confusão. Penso com a certeza do que vejo e não com fé naquilo em que acredito. E quando penso, ainda me caem as lágrimas, as lágrimas, a inocência, a entrega… tudo no chão, deixando um cheiro de descrença e nostalgia. Como o primeiro dia de chuva depois de um verão ardente. Olha como hoje. Hoje a terra tem um cheiro particular, um cheiro que espreitava há muito, mas sem certezas.
Ainda me dói cada pingo de incompreensão, de descrença, de descrédito, de distância, de ausência, de omissão… mas também me enche um mar de alegrias e vivências. Tenho dificuldade em acreditar que foram vividas a dois, porque foram intensas, viciantes, vincaram o meu corpo e a minha alma (se é que tenho, alma, corpo não há dúvida), mas não te viciaram, não te trouxeram, não se ressuscitaram. Foste ressuscitado por outra musa, como que reencarnado, numa e para uma nova vida, com outras crenças, outros ideais, outros amores… sim, porque, chama-me louca, mas acredito que durante muitos anos, também pensaste já ter encontrado o amor da tua vida.
Enganado mais uma vez, a menina que tantas vez te apareceu e partiu, como se fosse assombração, era só isso mesmo, um sonho…
Revolto-me por não perceber, culpo-me por teres morrido e recuso-me a acreditar que tu, sim tu, escolheste o lado da balança que não desceu. Gostava que me contasses o que, realmente, o fez elevar-se. Gostava de perceber, não só as gramas que fizeram cair o prato da esquerda (sim, porque eu só podia ser o prato da esquerda, quer pela femininidade, quer pela cor politica), mas também as que fizeram subir o prato da direita… Não tenhas receio de me veres cair da balança, já não caiu, e ajudava-me ver o mito completamente desacreditado.
Eu sei que não parece saudável, mas hoje, eu gostava de te ouvir dizer qualquer coisa diferente, tipo: “Não te amo”. Em vez de junta-te ao clube ou o teu prato caiu e eu segurei-me no que já estava seguro, no certo, no estável. Ironicamente talvez assim te sentisse mais perto, te sentisse mais feliz, me sentisse mais livre para ser feliz…talvez. Ou talvez não, já tive mais certezas na minha vida, o que actualmente não me parece propriamente mau.
Hoje escreveria o resto da noite e falar-te-ia da decoração nova do meu quarto, no facto de me ter rendido imenso as férias, em termos de trabalho, de já ter escrito dois artigos, de estar quase a terminar o relatório do estágio, finalmente! De ter tratado de tudo do carro sozinha, de ter dispensado a ajuda do meu pai, de estar em maré-alta mas junto a um porto enorme e não presa num cais de abrigo. De ter conseguido um acordo fantástico com o seguro, de me orgulhar da minha autonomia, de querer muito, mas ainda estar longe de conseguir. De já ter o meu cartão da ADSE, contra todas as probabilidades, e de poder comprar os óculos, porque cada vez estou mais míope (aos 33 anos vou parir uma criança já com óculos, se sair ao pai e puxar à mãe). E até de já ter conseguido fazer alguns gráficos no Excel. Não todos! Alguns não estão a colaborar. Mas não tenho tido vontade, desde que me despedi que te sinto mais distante que a lua, com quem ainda converso todas as noites em que aparece, quando vou regar e falar ao meu bonsai.
Portanto só te conto os pontos de interesse: preciso de ajuda para escolher os óculos e para acabar o relatório. Sem outras novidades.
Deixa-me usar de um dos teus ensinamentos dizendo que escrevo com a impunidade por que tantas vezes culpaste a arte…também há arte má.
0 Comments:
Post a Comment
<< Home