Volto assim...
... de mansinho. Triste o suficiente para escrever um oceano de frases e lamurias, mas demasiado triste para ser lida.
Amargura...até aos dias de hoje pouca noção tinha sobre o que era estar amargurada. Pouca noção tinha do quanto se podia estar amargurado. Pouca noção tinha do que poderia ser motivo para tanta amargura.
O desistir. O desistir é com certeza um óptimo motivo. A descrença. Oh!! Essa enche o saco dos pesares. A naturalidade dos dizeres. A volatilidade do sentir. A instabilidade do ser. O arrastar dos tempos. O esgotar das relações. O aterrar no vazio. O abandonar dos sonhos. O terror da solidão. A tentativa frustrada. A aposta perdida. E lá estou eu a vomitar lamurias em jacto, prestes a arrastar pela rua da amargura o nome de quem não vejo. De um amargo de boca pestanudo com olhar meigo, olhar de quem gosta muito de mim. Olhar penetrante e invasor que me rouba a intimidade e morde os lábios pensando no desejo. Olhar de sobrancelhas carregadas e vivas que rugem na minha presença. E logo via amor, mas amarguei amargamente o amargar do amor amargo. E é amargo amargar sobre um amor. E tenho que me deixar disso.
Afinal não volto de mansinho. Não sou mansinha ponto, nem a amargura me amansa. A amargura não me amansa, definitivamente não me amansa, o amor talvez tivesse conseguido. Num destes dias vazios que atravesso, a mulher que me deu à luz (já era torta in útero, nasci com várias circulares ao pescoço, era já a minha tendência depressiva em acção e logo ali tentei por termo à vida, louca, mas de qualidade e não há tendência depressiva de jeito que não venha servida com uma boa duma ideação suicida e nasci por cesariana, cianosada, não com uma, não com duas, mas com três circulares cervicais) dizia-me: “ Filha, dói-me a cicatriz da cesariana. Vê lá, passados tantos anos, agora é que me dói. Não deves andar bem...” fez-se silêncio...ouvi aquela absurda verdade e pensei, também quero merecer sentir uma percepção do género, completamente disparatada, desgarrada da realidade que conhecemos, mas deliciosa e cheia de legitimidade...a mão materna inundada de festas aproximou-se do dourado do meu cabelo, mas eu não só fugi como a afastei. Fui ruim, mas não a consegui receber. Porque as festas que me permito receber não são declaradas, porque as festas assustam-me, porque fujo, porque sou bicho do mato. Mas recebi um pé quente entrelaçado no meu...talvez ainda haja salvação para esta minha resistência aos afectos declarados.
Ponderei matar este canto ou pura e simplesmente deixar de criar postas ou melhor ainda, apagar posts, um a um, sempre que me apetecesse escrever em amargura e esperar para ver, para ver se este blog renascia e se não renascesse morria aos poucos, seria uma morte lenta, sentida, vivida, para que não tivesse que morrer de novo, para que me lembrasse desta morte e não repetisse a proeza, porque não quero matar outro amor, porque, parafraseando-me, se amores há muitos eu não os quero, porque quero um amor único e amarga-me a aparente inocência daquilo em que acredito e a resistência do amor eterno que teima em viver e apesar da amargura alegra-me acreditar, agrada-me a coerência do que sinto na instabilidade do que sou.
Parece que afinal não voltei de mansinho...
0 Comments:
Post a Comment
<< Home