Monday, April 27, 2009

Para sempre...


POEMA DO AMIGO APRENDIZ

Quero ser o teu amigo. Nem demais e nem de menos.
Nem tão longe e nem tão perto.
Na medida mais precisa que eu puder.
Mas amar-te sem medida e ficar na tua vida,
Da maneira mais discreta que eu souber.
Sem tirar-te a liberdade, sem jamais te sufocar.
Sem forçar tua vontade.
Sem falar, quando for hora de calar.
E sem calar, quando for hora de falar.
Nem ausente, nem presente por demais.
Simplesmente, calmamente, ser-te paz.
É bonito ser amigo, mas confesso é tão difícil aprender!
E por isso eu te suplico paciência.
Vou encher este teu rosto de lembranças,
Dá-me tempo, de acertar nossas distâncias...

Fernando Pessoa



Foi assim, escrevendo palavras tuas, que me ofereceste amizade há muitos anos atrás, palavras que guardo para sempre na minha caixa de pandora, onde no meio da loucura, do trabalho, da mentira e da paixão, és esperança.

Como esperança, é a lembrança da oferta daquela boneca de cabelos negros, carinhosamente vestida pelas mãos enrugadas e gastas da avó costureira, que visitávamos naquele lar de idosos. Deliciosa idosa, alegre e conversadeira, que costurava para as oferendas aos netos. Deliciosa que foi a tua oferenda dirigida a alguém que pouco conhecias.

Como esperança, é a recordação do ramo de flores que ofereceste à mãe de um primeiro filho. Não de um primeiro filho qualquer, mas de um filho de rua, primeiro filho de um casal de sem abrigo, que acompanhaste na gravidez. Qualquer outra pessoa pensaria em bens de primeira necessidade, mas não tu.

Como esperança, foi construir uma amizade de vida, na qual sinto que somos dois seres igualmente ciosos pela felicidade um do outro. Por isso sorrio de felicidade perante a tua, junto do homem que amas. Por isso desejo que seja como sempre sonhaste, como conto de fadas, felizes para sempre.

Lembra-te amiga, lembra-te que somos meros aprendizes, aprendizes de amizade, de amor, de profissão, meros aprendizes de vida e que só alguns de nós se prendem no melhor que conseguem, a maioria pendura-se no que encontra. Lembra-te que o felizes para sempre tem espinhos aguçados e tortuosos, que nos sangram à memória a maior das verdades, a de que a vida é a mais bela das flores.


Escrito em Dezembro 2008.