Friday, October 30, 2009

Toque sem pensar mas com sentido


Não pode ser meloso, não pode ser só suave, não pode ser desajeitado, não pode ser descabido, não pode ser só toque, tem que ser sentido. Não pode ser meloso de tão premente, tem que levantar angústia, tem que estar e não estar, tem que flutuar por instantes como que a despedir-se e voltar de mansinho como o roçar meigo de um gato. Não pode ser desajeitado, por favor, desajeitado não! Mais vale não ser a ser desajeitado! Não pode tropeçar, tem que mergulhar, tem que arriscar, tem que conhecer. Não pode parecer perdido, mas o êxtase da descoberta tem que ser constante. Tem que fazer doer, tem que fazer doer o coração, tem que despertar loucura, descontrolo, tem que fazer mal de tão bom. Quero retribuir, mas o egoísmo do prazer lentifica-me o pensar, atrasa-me os gestos, eu quero tanto tocar! Mas adormece-me a consciência. Os sentidos? Esses estão de olhos bem abertos como que afogados em cafeína e atordoados por uma onda de sentires. Sem pensar e a arder em desejo, entrego-me à delícia de um toque sentido...