Miga, não fiques triste...
As pessoas são o que são, com ideias boas, comportamentos médios e percursos de vida que as torna, muitas vezes, insuficientes. Não são o que dizem, são o que fazem. E é muito difícil ser-se, quanto mais ser-se o que se defende com unhas e dentes. É muito difícil fazer aos outros aquilo que queremos que façam para nós. É muito difícil quando nos apercebemos que isso não acontece e é ainda mais difícil aceitar que isso não acontece.
É muito mais fácil pensar, pensar e discursar, sobre o que faria de nós seres Humanos e sermos símios. Só porque os outros também são, justificando assim os nossos comportamentos, com o que os outros não fazem, fazem ou deixam por fazer. Existência em sublimação, nem água, nem ar, nem peixe, nem carne. Olha nem nada.
As gentes perdem-se no emaranhado do dia a dia, perdem noção do que andamos aqui a fazer, não que eu saiba, aliás, sempre me questionei muito sobre isso. Não sou católica, não sei se acredito em deus, mas sei que acredito em alguns de nós. E se acredito na evolução, então para que existimos? Passamos por esta vida e só temos direito a evoluir isto! Não! Há alguma conspiração que desconheço. Não é dos americanos, é de algo muito maior. O que é? Não faço a mínima ideia, mas gosto de estar envolvida no projecto. O projecto tem resmas de variáveis confundentes, eu sei. É difícil seguir uma linha orientadora. Aquela cena de dar a outra face é para santo e nós nem humanos somos quanto mais santos. Somos símios.
Os símios funcionam em sequência, ou seja, a agressão de que foram alvo não tem que sofrer ricochete e magoar o macaco prima-dona. A agressão é engatilhada e a arma dispara em qualquer sentido. Até o pobre coitado que escorrega na banana é alvo. Estava em movimento e a queda é bem mais aparatosa. Não estava dentro do filme e aquele não era um argumento que conhecesse. Foi enganado no papel. Tu és o macaco que escorrega na banana. E nós encontrámo-nos aí. Eu já estava estatelada no chão. Escorreguei na primeira banana, tentei levantar-me várias vezes e fazer frente…mas a quem? Ao macaco prima-dona? Ao macaco pistoleiro? Fiz frente a todos e voltei ao chão. Agora sou eu, passo por ali e desvio-me pelo meio dos pingos da chuva. No meio daquele cenário de deserto, só chove para o meu lado e é uma bênção. Chovem gotas enormes, imensas, que me fazem querer continuar por ali assim, submersa num mar de achados. Achados de gente humana, a que os símios chamam inocentes.
Este período de raiva e desolação deixa-nos muito tristes, achamos que todo o tempo para trás foi perdido e perdemos a noção do que somos, do que conseguimos conhecer. Quase nos afogamos. Assusta-nos a facilidade com que nos enganam. Assusta-nos o facilitismo com que o fazem. Repele-nos a almofada onde descansa aquela alma e que, até àquele fatídico dia, podia ser a nossa almofada. Desenvolvemos escamas que nos tornam mais resistentes às balas, não indiferentes, é impossível, há sempre períodos de apneia, mas recuperamos e descobrimos tantas outras coisas em que somos evoluídos. Nós os símios…
2 Comments:
ao descobir enganos tornamo-nos mais atentos para encontrar os verdadeiros simios... e com eles ficar... quero acreditar...
Depois de muito insistir cá tenho o MEU COMMENT. Valeu a pena esperar, é profundo (confesso levei um bocadinho...inho a perceber).
Quem me deve achar um simio é a tua cara metade, o teu mais que tudo. Digamos que consegui falar mais do que o habitual. É verdade, parece impossível.Também oferecem-me champanhe!
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