Saturday, July 22, 2006

Do negro ao certo


A classe avassaladora de quem não parece ter pressa, de quem está para ficar, com a certeza de que conquistou o que o tempo não lhe tira. Descansada mas astuta, desperta os olhares de quem não vê e derrama…derrama o charme de quem não precisa do amanhã. Mas, se o amanhã chegar, só se chegar, porque ela não o procura, estará para o receber, arrebatadora, vivendo mais este dia como se o amanhã não lhe pertencesse. O certo é que não lhe pertence, a ela, a mim ou a ti. O certo é o incerto dos segundos que correm apressados na direcção do nada, que tombam cansados nos ponteiros do relógio e se deixam derrotar pelo que deixamos de fazer. O certo é o que o vivemos e não o que poderíamos ter vivido. O certo é o errado que fazemos na pressa de ser.

Friday, July 07, 2006

Era uma vez um país civilizado...


Em Oslo descobri mais um pintor: Edvard Munch, um existencialista norueguês na arte expressionista – que frase tão complicada! Era um tipo irreverente, era ontem e hoje e amanhã também o será. Irónico este perpetuar de ser e não do estar.

O seu quadro mais conhecido é o “Scream”, mas aquele que mais me impressionou foi o “Kiss”. Lamentavelmente não consegui nenhuma reprodução que ilustre as cores e a vida que aquele beijo abraçado transmite.

Deste autor recordo também um pensamento: "Não devemos pintar interiores com pessoas a ler e mulheres a tricotar; devemos pintar pessoas que vivem, respiram, sentem, sofrem e amam". E do certo passamos à cruel evidência do real. Giro, muito giro mesmo…