Monday, November 21, 2005

Tu és tu? E tu és louco?

(Foto by Joca)


Devia estar a estudar, afinal é para isso que me pagam, mas não é assim que quero adormecer.

O louco é, por definição, aquele que perde a sua capacidade de relacionamento e, consequentemente, o sucesso nas relações inter-pessoais, prejudicando a sua existência bio-socio-cultural.

Louco é aquele que não cede à argumentação ou que cria um mundo próprio desprovido de lógica. Passo a explicar, o louco é aquele que não consegue sequer interpretar o que significa um prato de balança mais alto, ou seja, um louco faria uma interpretação do género: “Portanto, o prato esquerdo da balança desceu porque passou um anjo que lhe levou a alma, eu vi! O outro tem alma, mas cheira a defunto e não trás os sabões para eu o poder lavar! Gaita, não sei qual escolher! Talvez se me oferecessem uns sabões de alecrim eu aceitasse o prato da direita, afinal de contas posso eu ter alma se cheiro mal?” Percebeste? Nada! Exacto! O louco cria uma argumentação lógica mas sob substrato imaginário, irreal. O teu substrato é bem real, tu identificas os pesos que te direccionam, a todos os níveis (pessoal e profissional), e pesas os prós e os contras das tuas decisões.

A tua loucura não te prejudica. Talvez te atrapalhe, talvez te atrase, mas tu optas pelo que julgas melhor para ti, optas pelo que tem maior probabilidade de sucesso, ainda que não te traga grandes vitórias. Ou seja, moei mas não mata.

Também eu gosto de acreditar que sou louca, é como se assim encontrasse justificação para o que não acontece, para o que não vivo e para me manter longe. Desculpo a distância a que mantenho os outros com a minha loucura.

Tu não és louco, és concha. Tu és uma concha perfeita, como as que me mostraste numa praia, no dia em que descobrimos que éramos o amor. Talvez nos amemos assim, desta forma destorcida e meio louca, incompatível com a vida. Então o louco é o amor e não nós, without skills to survive.

Todas, as conchas, descobri todas. Guardadas no fundo de uma caixa, guardei não só a mais perfeita, que me acompanha todos os dias (ela e uma caixinha azul e rosa, com um total de três preservativos coloridos, da Benetton), mas também todas as outras. És então uma concha perfeita, fechada sobre si mesma. Núcleo vital reservado ao próprio. Acesso interdito!

“Atenção! Atenção! Tentativa de arrombamento…” – não, arrombar não resulta contigo. “Atenção! Atenção! Fuga de escape a estibordo, tentativa de intrusão de estranho ao núcleo, elemento não identificado na área. FECHA! FECHA! Veda as fugas, veda as fugas! Sem possibilidade de isolamento eficaz, senhor!! Retirar. Retirar.”

A distância que sinto será só minha? Estarás tu mais perto de outro alguém? Será só porque sou instável e imprópria para consumo que me manténs longe? Há alguém de quem te aproximes mais? Há alguém com quem te abras e a quem atribuas o real crédito para te ouvir? És tu, só assim, tu, com alguém?

Eu adoro falar-te e sou eu contigo. E enquanto eu fujo mentindo, quando te sinto a entrar na concha, tu foges com as meias verdades, não mentindo, apenas não contando tudo. Se preferires chama-lhe metade da verdade. É a isso que me referi em posts anteriores (se é que lhe posso chamar posts), nos quais te falava dos pesos nos pratos da balança. Não acreditando, que o juízo final havia sido resultado apenas dos pesos que caíram do prato da esquerda e na estabilidade do prato da direita. Prato onde já jazias morto, há muito, quando te encontrei. Chamo-te mentiroso? Penso que não.

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