Tuesday, July 26, 2011

Quase sempre

Como habitualmente tinhas razão. A ignorância, o desconhecimento, traz-nos a nós sofrimento, angustia, desconforto, mas poupa quem não queremos magoar. Mas também é verdade que abrir o jogo, ser fiel, honesto, verdadeiro, não nos poupa a nós nenhum sofrimento. Para quê contar então? Para quê aumentar o sofrimento, perante algo que não sabemos o que vai ser? Para quê destruir quando não sabemos se vai crescer algo maior?

Não sei, não sei mesmo. Mas somos diferentes e eu não conseguia viver não sendo verdadeira, não conseguia ter a meu lado, a dividir comigo a sua vida, alguém que merece todo o meu respeito e fidelidade, estando enamorada por outra vida, que não é minha mas pode vir a ser, por uma amor em semente que pode morrer enterrado no chão mas que pode brotar a qualquer instante, por tudo o que sempre sonhei, ser feliz. E não é pouco, a vida também me trouxe esta lição, não é mesmo nada pouco ser feliz, muito longe aliás anda habitualmente a bendita felicidade, nomeadamente para cabeças como a minha e a tua, insatisfeitas por razão.

Estou feliz? Não! Sofro horrores, o sentimento de perda, de desistência, de afastamento dos que amo, de ser causa de desilusão e sofrimento, mata-me por dentro, sou menos, menos no quadrado onde não me encontro, mas continuo à procura, à procura de ser feliz. E abro as portas, as janelas, as clarabóias, tudo o que estiver ao meu alcance para conseguir felicidade, que em mim passa, obrigatoriamente, por amar e ser amada, muito, forte, tudo. Como se não houvesse amanhã, porque o certo é que o amanhã não existe até que aconteça e sempre que o amanhã me presentear com outro dia eu quero merece-lo. Merece-lo? Sim, merece-lo, pelo que sou para os que amo e para os que odeio e pelo que sou para mim. É verdade, tens quase sempre razão, mas eu vou ser feliz.

Friday, June 17, 2011

Diamonds are forever, finally I'm not a diamond





Não gosto de mim. Como típica mulher de extremos, ora me amo ora me odeio. Hoje odeio-me. Sou pouca e fraca. Sou pobre, de espírito, de carácter, de convicções. Sou cobarde, não amo, não deixo amar, não acredito, mas gostava que me fizessem acreditar. Sou falsa e mentirosa, são mentiras piedosas, como lhe chamo, por vezes até eu esqueço que são mentiras, de tão inocentes ou de tão essenciais, que passam a ser realidade, para que eu possa viver com elas. Sou louca, ora penso assim hoje, ora penso assado amanhã, mas nunca conhecido alguém tão convicto. Tão fiel ou empenhado. Tão dedicado e empreendedor.

Sou dias, não sou gente. Sou aos bocados, partida pelos 35 anos que me atropelaram, sem que disso tivesse dado conta, agora sou migalhas, que atiro aos pardais. Gostava de me ser infiel, gostava de perder a cabeça que tenho agarrada à porra do corpo e deixar de complicar o que todos vêm como simples. Gostava de me despejar de pudores e preconceitos, gostava conseguir esquecer quem me rodeia e fazer o que me dá na real gana.

Não sou eu! Eu penso para o próximo como penso para mim. Vivo para ser feliz, mas só é seguro consegui-lo fazendo quem amo feliz. E penso, penso no que me faria feliz ou infeliz e aplico o que penso no que faço a mim e aos que amo. Sou oito ou oitenta e nem toda a gente é assim, pelo contrário a gente saudável é dos meios, ora um pouco triste ora um pouco contente, ora um pouco mais cansado ora um pouco mais activo.

EU sou de extremos, ora morta de tão triste ora radiante de tão feliz, ora cumprindo as tarefas mínimas para me verem como funcional ora produzindo por mim, por toda a equipa e arredores. Sou demasiado exigente comigo e com os outros e o pior é que só canso o próximo eu não me consigo cansar. E não me lamento, apenas constato e ladeio os dias em que estou morta, isso também me trouxe os 35 anos, sou assim, não há volta a dar-lhe e eu tento.

Friday, June 03, 2011

Perdida aos olhos da VIDA



Às vezes preferia que não te despedisses. Prefiro sempre que não te despeças. Despeço-me sempre com dor, com mágoa, com angústia e para não mais ver. Preferia esquecer-me, ignorar-nos, atirar-nos ao rio e assistir ao afogamento. Verter lágrimas de crocodilo sobre o teu leito-água e bradar aos céus tudo o que a cabeça quer.

Só por ti o coração venceu a razão. De que me serviu? De muito, é certo, sou outra. Mais madura e ponderada. Mais astuta e premeditada. Mais emocionalmente inteligente e determinada. Sou mais razão, mais mulher, mais tesão. E do que me serviu? De tudo-nada. Sou restos, roupa-velha, um bocado de tudo. Continuo sem me encontrar e pior, gosto. Faz-me sentir viva, o andar perdida.

Monday, May 02, 2011

Sinto-me Outono


Sinto-me Outono.

Pintada pareço perfeita, linda, de tons suaves e torneados, lábios enganadoramente finos e olhos água de penetrantes e sedutores, dignos de serem retratados.

À janela pareço tranquila com movimentos harmoniosos, de tons avermelhados adequadamente provocadores, desperto sentires angustiantes de tão intensos mas reconfortantes de tão meigos.

Sentida sou agreste, rude, leviana e perdida. Sentida sou a loucura, a angustia, o sofrimento. Sentida arrasto a incerteza de uma tarde de Outono.

Saturday, April 30, 2011

Life? Can't explain





O que a vida tem de bom? Qual vida? Quantas podemos viver em simultâneo? Uma? Gostava que fossem mais.
O que vale a pena? A família e os amigos, sem dúvida.
O que a apimenta? Encontros. Só apimentados enquanto duram na nota da inocência.

Não acredito no branco, tudo se dissipa, tudo se desvanece.
O desejo insano é muito como as saudades, o tempo cura. E que pena...

É uma delícia sentir a perda de controlo, a incerteza do próximo toque, a conquista de espaços interditos ao convívio social, a proibição, o jogo, os recuos e os avanços.

Tudo acaba, já acreditei que poderia ser eterno, mas não.

O cinzento, esse sim é uma certeza.

Monday, March 22, 2010

Saudosa de uma viagem de comboio


Ia-me matando,
Adormecida nos sentires,
Engasguei-me com as palavras,
Asfixiei de saudades,
E quase morria,
Tudo quase terminava,
Numa viagem de comboio.

Sunday, March 21, 2010

Na descoberta do que não encontro


Esta cena de nunca descobrir terra é diferente. Nem porto seguro, nem terra a vista, nem nada. Segurança profissional não existe. Estabilidade nas relações? Esquece lá isso! Nem estabilidade, nem certezas. Certezas? Poucas ou nenhumas mesmo...nenhumas mesmo. Não encontro descanso...também não sei se o quero. Será que o procuro? Não me parece que algum dia o tenha procurado, o descanso. Procurei despertar paixão, procurei conquistar amizade, procurei provocar extremos, procurei encontrar amor. Sim encontrar, mas não descanso, encontrar paixão, amizade, carinho, protecção. Despertar angústia, saudade, incerteza. Procuro os extremos, extremos que aprendi não serem doradouros, esgotam-se, implodem, terminam. Mas em mim fica sempre muito por terminar. Adoro a loucura, a insanidade, a angustia do desconhecido, a provocação, a sedução. Não sou certa, aparento sanidade, mas sinto-a pouco. Tudo escondido, obscuro. Tenho tanto de bom como de mau. Se amo, amo até à loucura. Se odeio, a ignorância é cruel. Não gosto de me sentir encurralada, presa. Não gosto que me afastem, mas gosto de afastar. Não gosto que me deixem, mas é me impossível deixar. Massacro e acaba por acontecer. Desgasto...mas não encontro. Será que algum dia parti à descoberta?

Friday, October 30, 2009

Toque sem pensar mas com sentido


Não pode ser meloso, não pode ser só suave, não pode ser desajeitado, não pode ser descabido, não pode ser só toque, tem que ser sentido. Não pode ser meloso de tão premente, tem que levantar angústia, tem que estar e não estar, tem que flutuar por instantes como que a despedir-se e voltar de mansinho como o roçar meigo de um gato. Não pode ser desajeitado, por favor, desajeitado não! Mais vale não ser a ser desajeitado! Não pode tropeçar, tem que mergulhar, tem que arriscar, tem que conhecer. Não pode parecer perdido, mas o êxtase da descoberta tem que ser constante. Tem que fazer doer, tem que fazer doer o coração, tem que despertar loucura, descontrolo, tem que fazer mal de tão bom. Quero retribuir, mas o egoísmo do prazer lentifica-me o pensar, atrasa-me os gestos, eu quero tanto tocar! Mas adormece-me a consciência. Os sentidos? Esses estão de olhos bem abertos como que afogados em cafeína e atordoados por uma onda de sentires. Sem pensar e a arder em desejo, entrego-me à delícia de um toque sentido...

Monday, April 27, 2009

Para sempre...


POEMA DO AMIGO APRENDIZ

Quero ser o teu amigo. Nem demais e nem de menos.
Nem tão longe e nem tão perto.
Na medida mais precisa que eu puder.
Mas amar-te sem medida e ficar na tua vida,
Da maneira mais discreta que eu souber.
Sem tirar-te a liberdade, sem jamais te sufocar.
Sem forçar tua vontade.
Sem falar, quando for hora de calar.
E sem calar, quando for hora de falar.
Nem ausente, nem presente por demais.
Simplesmente, calmamente, ser-te paz.
É bonito ser amigo, mas confesso é tão difícil aprender!
E por isso eu te suplico paciência.
Vou encher este teu rosto de lembranças,
Dá-me tempo, de acertar nossas distâncias...

Fernando Pessoa



Foi assim, escrevendo palavras tuas, que me ofereceste amizade há muitos anos atrás, palavras que guardo para sempre na minha caixa de pandora, onde no meio da loucura, do trabalho, da mentira e da paixão, és esperança.

Como esperança, é a lembrança da oferta daquela boneca de cabelos negros, carinhosamente vestida pelas mãos enrugadas e gastas da avó costureira, que visitávamos naquele lar de idosos. Deliciosa idosa, alegre e conversadeira, que costurava para as oferendas aos netos. Deliciosa que foi a tua oferenda dirigida a alguém que pouco conhecias.

Como esperança, é a recordação do ramo de flores que ofereceste à mãe de um primeiro filho. Não de um primeiro filho qualquer, mas de um filho de rua, primeiro filho de um casal de sem abrigo, que acompanhaste na gravidez. Qualquer outra pessoa pensaria em bens de primeira necessidade, mas não tu.

Como esperança, foi construir uma amizade de vida, na qual sinto que somos dois seres igualmente ciosos pela felicidade um do outro. Por isso sorrio de felicidade perante a tua, junto do homem que amas. Por isso desejo que seja como sempre sonhaste, como conto de fadas, felizes para sempre.

Lembra-te amiga, lembra-te que somos meros aprendizes, aprendizes de amizade, de amor, de profissão, meros aprendizes de vida e que só alguns de nós se prendem no melhor que conseguem, a maioria pendura-se no que encontra. Lembra-te que o felizes para sempre tem espinhos aguçados e tortuosos, que nos sangram à memória a maior das verdades, a de que a vida é a mais bela das flores.


Escrito em Dezembro 2008.

Sunday, August 17, 2008

Espreito


Não sei porque não encontro rumo...estou cansada de andar sempre perdida, de espreitar o horizonte e de o imaginar sempre diferente. De sonhar com o que não tenho, de despertar com o que não quero. Quando vou eu sossegar?

Sunday, March 02, 2008

Um dia serei tarde


Cheguei hoje, mas não chego nunca, continuo perdida. Não sou de boa, não sou de má, vou sendo. Não sou de estranhos, não sou de convicções, sou de vontades. Não sou de certezas, não sou de estabilidades, sou de nada todo. Não ganho tempo ou juízo, sou um mar de dúvidas e de tormentos. Sou uma perdida, uma alma, um amor, uma promessa, perdida. Sou de mel de manhã, amarga à tarde e wasabi à noite. Ninguém me percebe, eu procuro. Se não me percebem canso-me, se me percebem saturo-me. Se tudo corre bem, arranjo o que corra mal. Se sou amada procuro quem não me ame. Se sou procuro não ser. Se tenho trato de perder. Se perco, recupero o senso, conquisto. Se conquisto deixo de me pertencer. Não sou assim ou assado e se o digo minto. Só sei que sou instável, como não sei ser possível, como não sei ser feliz.

Sunday, February 03, 2008

Sou de menos

Enterro assim o meu melhor texto, aquele que de tão sentido saiu de carreirinho, sem tropeções ou pensares incómodos. Mas nasceu e morreu sem ter sido lido, morreu nos braços de uma qualquer pen drive deste país. Como diria uma grande amiga:” Foi Deus que o levou…que terás tu escrito para que Deus se sentisse obrigado a intervir?”. Simpática esta versão, a minha, prática, diz-me que perco tudo, até este texto que foi o melhor que algum dia escrevi. Fiquei sinceramente triste com esta perda…e não o consigo escrever de novo, não saí…portanto morreu e aqui o enterro para que possa ser velado para sempre…

Sunday, January 06, 2008

NO FINAL PESA POUCO...

O peso é sempre relativo, depende de quem o tem, de quem o vê, de quem o vende, de quem o compra, de quem o vive...depende inclusive do que é pesado, de quem o pesa e de quem o tira ou de quem o acrescenta....depende de quase tudo.

Há dias em que nos parece mais pesada, há dias em que nem a sentimos de tão leve, há dias que merecíamos carregar menos e há dias em que sentimos o peso do mundo às costas. Há dias que somos plumas de tão leves, rápidos e produtivos. Há dias que somos árvores de tão pesados serem os pés, de tão rudes e preguiçosos. Há dias que somos rochas e nada, nada sai dali, o pé não dá o passo, a boca não tem palavra, o cérebro não pensa e a mente, essa, está off line.

No final pesa pouco...no final a vida pesa pouco...

Há muito dias pesados...os dias em que trabalhamos até mais tarde, os dias em que discutimos, mais uma vez, com o companheiro, com o amigo, com o colega de trabalho, os dias em que morre o animal de estimação, os dias em que a maionese sai mal, os dias em que o cano junto ao lavatório, que está roto há anos, resolve rebentar, em que os lençóis da cama estão frios, em que a cama está vazia. Há dias de cão, de cão pesado, de raça grande, daqueles enormes, gordos e ferozes, que nos rasgam só quando nos cruzamos, que nos deixam menos. E eles há dias de obesidade mórbida...dias de arrasto, dias de torpor, dias de desgraça...que nos deixam magros na alma e na memória...

Também há dias elegantes, dias em que acordamos com desejo de amar e em que somos amados, nestes dias o tempo voa e sobra, em todos os outros a barba e o banho vencem aos pontos. Dias em que nos batem por trás mas não tem qualquer importância porque até havia um risco no para-choques a precisar de ser reparado e o pobre do sr nem tinha reparado que havíamos parado. Em que somos chamados à atenção porque chegamos tarde ao trabalho, mas também não há problema, porque ajudamos o sr a preencher a declaração amigável para que não o pudéssemos enganar. Em que até conseguimos, apesar de termos chegado muito atrasados, fazer tudo o que tínhamos planeado para esse dia, terminar alguns daqueles trabalhos pendentes colados aos posticks da secretária e ainda sair mais cedo. Em que chegamos a casa e vemos deliciadas o nosso homem, de pantufa calçada, sentado no sofá, de pernas estendidas sobre a madeira venge da mesa que demoramos meses a escolher, com o jantar por fazer e a roupa por estender mas em que à perfeição nos parece faltar apenas mais umas peças de roupa espalhadas pelo chão. Estes são dias poucos de tão leves.

No final pesa pouco...no final a vida pesa pouco...

Monday, March 12, 2007

Um Dezembro a uma Mulher



Esta é a mulher…
“Lava as lágrimas na banheira mas deixa que corram pelo ralo e atreve-te a renascer completa e melhor. Enquanto delas fizeres a tua vida nunca a desejarás como tua nem serás rainha do teu Universo, pois elas tomar-te-ão de assalto sempre que baixares a guarda.”

Este é o Dezembro…

…um Dezembro de média idade mas muito acabado, escuro, usa bigode preto, sujo e mal aparado e tem barba de há três, quinze dias. É austero, frio, triste e distante. Vem em passo acelerado, grunhindo em voz baixa e com sobrolho carregado porque não quer dar pataco e não responde à alegria de um Olá, não está para aí virado. Passa fugaz na pressa de um Adeus. Poderiam pensar: “Vem com pressa, trás Natal!”, mas não. Nem Natal, nem Ano Novo, nem Carnaval ou Páscoa durante muito, muito, muito tempo. Este Dezembro não trás nada, só tira. E tira tudo, uma mãe a uma filha, uma avó a uma neta, uma guerreira à sua grande pequena batalha, a vida…

Um Dezembro que não podia acontecer…mas aconteceu. Foi curto. Começou na sexta-feira à tarde e terminou na madrugada de Sábado dia 23. Eu nem queria acreditar! Ora está tudo sereno ora É a negra manhã de Luto por uma Mãe… E se o Dezembro foi curto, o Janeiro não chegou. Tudo se resume à dor daquela noite. O despertar? Completamente inútil! Uma brincadeira de criança? Triste, francamente triste, ri na inocência de quem nada sabe. Um riso na estupidez? Despropositado, Já nem recordo porque ser ri. Um passeio junto ao mar? Perda de tempo! Comer? Futilidades! Viver? Para quê?

Amiga, porque não podes passar o resto dos teus dias na cama, por muito confortável que soe. Também tu és mãe e tens uma filha para criar. Por trás das brincadeiras da tua criança está o calor onde te podes aninhar. No sorriso vem o abraço de uma amizade e nós estamos aqui. Com o mar recordas a luz e o quanto podes ainda ser feliz. Comer amiga? Comer faz falta e ponto! Viver? Vamos vivendo, devagarinho…na verdade parece andamos por aqui para isso.

Adoro-te. Força. Penso sempre em ti.

Thursday, March 08, 2007

Há tanto tempo...


Há tanto tempo que não o fazia, já nem sei muito bem como se faz. Acabei por andar às voltas e na eminência de desistir de voltar, pela milionésima vez desistir. Desistir de voltar a escrever, de voltar a postar…de voltar a este mundo que abandonei em Novembro de 2006.

Porquê? Porque abandonei? Inicialmente por falta de inspiração, depois por falta de tempo e de disposição e de vontade e por muita preguiça de descobrir os novos meandros da G account. Mas ao som de José González senti vontade de voltar, senti a vontade suficiente para ganhar a preguiça de voltar a tentar, de voltar a experimentar, de explorar a cena da G account e voltar a escrever…e VOLTEI. E digo mais, está a saber-me muito bem, está a ser delicioso voltar a pensar em palavras escritas.

SEJAM BENVINDOS!

Wednesday, October 25, 2006

Lavo as lagrimas na banheira e faço delas a minha vida


Não podia estar mais de acordo. Ando pobre, tresmalhada e afoita aos meus maus olhares. Falta-me a inspiração. Falta a vida inspirar-me e eu inspirar a vida. Falta a vontade para concretizar o diferente. A filosofia do deixa andar, ofendendo à partida a filosofia em si, é medíocre, mas o certo é que eu ando parada. Tradução, preciso de uma revira volta, de quem me puxe o tapete. Não tem que estar perto, mas também não precisa estar longe. Sinto-me menos inteligente, menos empreendedora e lânguida, faço de arrasto e mal o que tenho obrigatoriamente para fazer e o outro dia é só mais um outro dia. Aceito sugestões. Quero voltar a quer escrever e a fazer com empenho as actividades em que me envolvo. E é na escrita que deposito o meu primeiro passo trémulo e hesitante ...

Thursday, August 24, 2006

Promessa quebrada


O tempo não sabe, não conta, nem cura nada ...


...no fundo, caminhamos à sombra de um eterno nevoeiro...


...e só sobre a eminência da queda vertiginosa...


...se impõe o sopro da fértil fragilidade.

Monday, August 21, 2006

Coração cruel


Não quero ouvir o meu coração, tenho medo do que tem para me dizer. Não é certo mesmo, o meu coração, ou aquilo que tem para me dizer.

"És soberbo de tão temperamental e cruel de tão instável. Dá-me descanso, dá-me tempo..."

Saturday, July 22, 2006

Do negro ao certo


A classe avassaladora de quem não parece ter pressa, de quem está para ficar, com a certeza de que conquistou o que o tempo não lhe tira. Descansada mas astuta, desperta os olhares de quem não vê e derrama…derrama o charme de quem não precisa do amanhã. Mas, se o amanhã chegar, só se chegar, porque ela não o procura, estará para o receber, arrebatadora, vivendo mais este dia como se o amanhã não lhe pertencesse. O certo é que não lhe pertence, a ela, a mim ou a ti. O certo é o incerto dos segundos que correm apressados na direcção do nada, que tombam cansados nos ponteiros do relógio e se deixam derrotar pelo que deixamos de fazer. O certo é o que o vivemos e não o que poderíamos ter vivido. O certo é o errado que fazemos na pressa de ser.

Friday, July 07, 2006

Era uma vez um país civilizado...


Em Oslo descobri mais um pintor: Edvard Munch, um existencialista norueguês na arte expressionista – que frase tão complicada! Era um tipo irreverente, era ontem e hoje e amanhã também o será. Irónico este perpetuar de ser e não do estar.

O seu quadro mais conhecido é o “Scream”, mas aquele que mais me impressionou foi o “Kiss”. Lamentavelmente não consegui nenhuma reprodução que ilustre as cores e a vida que aquele beijo abraçado transmite.

Deste autor recordo também um pensamento: "Não devemos pintar interiores com pessoas a ler e mulheres a tricotar; devemos pintar pessoas que vivem, respiram, sentem, sofrem e amam". E do certo passamos à cruel evidência do real. Giro, muito giro mesmo…

Thursday, June 22, 2006

Encontros imediatos...


…primeiro pensei em mim como formiga, trabalhadora, empreendedora – prevenindo o futuro, ágil e forte, cheia de convicções, teimosa e muito determinada. Depois achei-me cigarra, com certeza inspirada pela história, ou estória – detesto estas minhoquices, incerta, relaxada, desbocada, boa vivam e divertida. Mas não! Nem formiga, nem cigarra. Sou térmite, definitivamente térmite. Chego escondida e por ali fico. Estudo a madeira, percebo tudo o que seja de fácil digestão e avanço. Rapidamente chego à superfície, debruando com o corpo a rosa das nove vidas que ninguém me dá. Pelos minúsculos buracos arredondados na madeira, perceptíveis apenas para quem está muito atento, respiro as gentes que me rodeiam e não transpiro. A irmã que borda a meu lado, distraída, é morta no exterior do labirinto e tomada como assunto resolvido, praga exterminada. Eu continuo lá, regurgitando e digerindo, regurgitando e digerindo, não descanso, o desgaste é contínuo, não me consigo saciar, não paro e mino, mino tudo. Mino tudo o que me passa pelas mãos, devoro a estaca mais sólida, transformo o mais belo e robusto carvalho em pó e destruo. De dentro para fora, ninguém vê, sou nada e nada torno para parecer muito. Sou pequena, pareço inofensiva, quem se dá ao trabalho de reparar não dá nada por mim, mas quando nos damos conta, construí barraca bem assente, devorei o tutano da coisa, abalei a estima do auto, derrubei as estruturas e destruí tudo o que julgou abrigar-me. Nada saciada morro na praia, falta-me o chão…

Wednesday, May 31, 2006

Inquieta

Inquieta…é isso, devo ser inquieta. Há quem diga que gosto de discutir, que não paro um segundo, que se não tenho, arranjo o que fazer e com o que me chatear, que sou volátil, que mudo de humor com as marés, que tenho um feitio peculiar e uma personalidade muito própria – ou seja, mau feitio, mas eu acho que sou inquieta.



Queria experimentar tudo, queria que seguir um caminho não implicasse deixar de seguir outro, queria ver tudo, não espreitar de longe como quem vê passar de fora, queria ver, viver, experienciar tudo sem ter que deixar nada para trás.




Queria jogar sem perder. Queria não ter medo da rejeição ou das más escolhas. Queria não me sentir pouco com as minhas opções. Queria viver cada dia como se não houvesse amanhã. Queria não deixar para amanhã o que posso fazer hoje. Queria não ser rancorosa e saber perdoar. Queria muito…e o pior é que tenho, ou pareço ter, mas não o sinto. Quero sempre mais. Quero sempre melhor. Quero sempre diferente…




Inquieta, inconformada…entro sempre no mesmo jogo…construir. Construir não, arranhar o que está erguido, esculpir, esculpir não, martelar o material, já não bruto, que me cai no colo. E não aprendo, penso que não aprendo, mas não aprendo e continuo a martelar na vida.

Saturday, May 06, 2006

Às vezes tenho saudades…


É verdade, às vezes tenho saudades que vivem nos dias por onde passo. São frescas, ainda delas escorre sangue vivo, ainda brota da semente, soterrada pelo tempo e pela vida, a incerteza do tempo de sempre.

Eram firmes, caminhavam direitas, em linha recta, não cambaleavam. Desviavam-se…não, desviam os obstáculos com um pontapé firme e eram certeiras nas vontades, as certezas. As certezas eram sábias e velhas, tinham tronco largo, do diâmetro do nosso abraço, casca grossa e rasgada, mal tratada pelo amargo das separações consentidas mas inundada de história, inundada de história com cheiro a mar. Caducas, o tempo abalava-as, deixava-as desnudas, pareciam sem vida, pálidas, sem pulso, prontas para serem enterradas, mas não, estavam só adormecidas pelo frio da distância e só em lume brando ferviam, queimando quem tocava e fugia…só queria ver se era verdade.

Implacável! Implacável a fervura do que vivíamos. Implacável o brilho do mosaico vermelho escuro que pisávamos. Encadeada não vi as raízes, não vi as raízes vivas amor, e tropecei. Hoje pouco me importa se foi porque o chão estava muito encerado, ou porque a raiz onde tropecei estava seca, oca e quebrou, não me susteve, não me acreditou e deixou-me cair ou se porque não existe fada dos dentes, tanto se me dá. Hoje sei que não estiveste, não estás e não vais estar à minha espera. Hoje sei que as certezas que me pareciam cheias eram ocas, sem conteúdo no seu interior. Hoje sei que o tempo te deixou a dúvida mas te levou as crenças, as convicções e a vontade de acreditar. Hoje sei que vais ser para sempre o meu amor 13, aquele que nasceu e morreu aos 13 anos, aquele que não sonhei morto porque nasceu em tempos impares e os impares deixam-me sempre desarmada, com os impares desafio a morte e perco sempre, com os impares desafio o amor e perco também, o jogo foi viciado, tu já havias comprado o resultado final.

Lesionei-me. Lesionei-me e a vida anda coxa, já não é certeira nos arremessos, pede com licença aos obstáculos e é com gentileza que roda o botão que apaga o lume. Mas desenvolveu-se na técnica de enroscar, bem mais rude, bem menos limpa, exige óleo e muito trabalho. Não faz mal, não faz mal mesmo, gosto do que possa parecer mais áspero aos olhos de quem só vê, gosto da lubrificação, ajuda em tudo, ajuda na articulação das horas, ajuda a abrir a torneira da banheira de hidromassagem, ajuda a apertar bem os parafusos cansados da cama, e gosto de trabalhar, muito, realiza-me.

Viciada no enroscar... ainda está desordenado, recém-nascido, acorda durante a noite e dá más noites, apaixonado e sempre tão presente, deixa-me acordares cansados. Cansada mas feliz, hoje trago comigo umas gramas de felicidade que não estão à venda e que não vou semear junto de uma árvore velha e acabada. A vida anda coxa mas eu sirvo-lhe muletas, as duas com anos de experiência nos corredores do Alcoitão. A vida anda coxa mas eu acredito que vou voltar a andar firme e com mais certezas.

Tu dir-me-às apenas: “não há raízes vivas no chão que pisas, amor...”

Thursday, May 04, 2006

Ouro sobre azul


E assim é
Tal como disseste que ia ser
A vida passa leve por mim…a maior parte das vezes

E assim é
Nem amor, nem glória
Nem herói no meu céu

E assim é
Tal como disseste que devia ser
Ambos esquecemos a dor…a maior parte do tempo

Não consigo tirar os meus olhos de ti
Não consigo tirar a minha mente de ti

Doce amargo


Não quero. Abdico por completo da segurança, se esta for castrante do diferente. Diferente em permanência, na exaustão de encontrar sempre o que não procuramos. Procurar ser feliz, ser não, estar, ninguém é feliz, a felicidade não é um estado de permanência, não há lei de uso capitão, podemos é estar felizes. Feliz hoje, mas não amanhã, porque o amanhã será bem amargo. Amargura para conseguir ver. É sempre assim, a vida amarga e vemos o sabor de forma, completamente, diferente. Diferente do que fui e do que virei a ser sempre. Sempre acordada no desaterro do interminável. Interminável luta pela diferença, pela não ausência, pelas não palavras no escorrer pingado dos dias. Nada do que o destino e não a forte vontade decide pode ser contado de forma inteligente.

Tuesday, April 11, 2006

Adoro


Adoro escrever. Bem ou mal. De forma mais ou menos harmoniosa, num português cuidado ou largado, descansa-me a alma. Escrever descansa-me a alma, recupera as forças do meu ser.

Ressurreição


Quando fecho os olhos não vejo futuro. Nunca vi. Quando fecho os olhos vejo o entornar de estrelas por um funil, num abismo, para um abismo, longe. Abismo que as parece sugar, aspira-as, as estrelas, para dentro do que não vejo, do que não parece ter fim, da imensidão do que te trás sempre à toa. Respiras baixinho de dentro do que desassossega a alma e apertas vigoroso o que me emprestas, o local sempre desconhecido do que nunca despertámos. Embalada pelo escorrer, vou junto às estrelas, que aliás acompanho desde sempre. Não me sirvo das estrelas para pular, como num rio atravessado por pedras, que servem de tapete ao nosso rumo seco, deito-me de costas e deixo-me levar pela maré em remoinho que arrasta a minha memória. E quando perco esta imagem, quando entra réstia de luz e perco o sonho do deleite aguçado, que me deixa água na boca, fecho os olhos com força e rezo para que volte. Rezo aos olhos que me denunciam a alma que me tragam as estrelas de volta. São caprichosos...são caprichosos os olhos e o abismo do qual não me afasto só volta quando quer.

Lugar seguro


Doem-me as recordações…
…que me levaram até às nuvens.

Doem-me as voltas da vida…
…as que faço direita por linhas tortas.

Doem-me os encontros imediatos…
…dos olhares cruzados à esquina do precipício.

Doem-me as lágrimas presentes, passadas e futuras…
…lágrimas seguras de quem nunca vai chegar a casa.

Sunday, March 26, 2006

Despojos da maré


O problema é que não me realizo a ajudar. Fazia disso a minha vida. Trabalhava pela recompensa de um sorriso, de um obrigado, agora não em apetece. Estou desmotivada, tudo me parece inútil, todos os esforços não me fazem sentido, tudo desprovido do que quer que seja. Mas continuo na versão piloto automático, com muito receio de errar por não acreditar em nada, com muito medo de cometer um erro grave, de deixar para trás, de me perder, de ninguém me encontrar. Não me revejo na forma como ajudo, pareço imune ao mundo e ao que ele me transmite. Fico triste porque devo ficar triste, sorriu porque sorrir é conveniente, vou trabalhar porque tem que ser. E só consigo pensar que estou completamente louca, porque tenho tudo para ser feliz. Estou num estado de insatisfação permanente, se todos ficam satisfeitos com a conquista, eu respondo ao mundo que vejo conquistado com agressividade, reajo ao mais banal dos pedidos como se me devessem alguma coisa, como se a vida me corresse muito mal, como se me custasse muito a prestação de um favor, como se não fosse essa a minha obrigação. Quando me apercebo da prepotência, da agressividade com que respondo travo-me e deixo-me marcas profundas no porquê do que me sai. Em adiamento continuo do que me move...não estou bem...

Prisioneira




Nunca fiz um pedido de ajuda tão sentido e nem sei o que procuro. Sinto-me alienada, ausente, vazia. Nada do que faço me faz sentido, tudo parece vazio de lógica. Estou em permanente angústia e nem sei porque.

Espero a toda a hora que um dedo comprido e elegante, de unhas arranjadas, fure o cenário da minha vida, que comece a rasgar o papel pelo céu, que faça sangue, que se mostre vivo, que abra alas a um novo mundo, um mundo diferente onde me sinta em casa. Que percorra veloz e agressivo a tela falhada que me cobre, arrastando consigo o cheio dos meus dias, permitindo-me recuperara o que nunca tive, paz.

Sinto-me estranha, incrédula, alucinada e ainda não me internei compulsivamente porque não perdi, ainda, a noção do lado louco da guerra que vivo, e o lado louco sou eu, definitivamente eu. Sinto-me a percorrer em completo desequilíbrio a estreita linha que sempre me separou do outro lado. Sinto uma enorme vontade de provar, de parar de resistir, de deixar a gula vencer, afinal de contas era só mais um pecado, de espetar o dedo sobre a loucura e chupar baixinho, para não assustar ninguém e quanto menos lógico escrevo mais sentido me parece ter e tinha saudades, tinha saudades de vomitar palavras.

Thursday, March 16, 2006

Destiny



Nada do que o destino, e não a forte vontade, decide pode ser contado de forma inteligente.

Wednesday, March 15, 2006

Só sentido, sem qualquer nexo


Irrita-me a inactividade de quem não tem o que sentir. Irrita-me a inércia. Caramba, mas quanto tempo pensam que temos! Irrita-me a subtracção das decisões sobre os dividendos da morte anunciada. Não há remédio, ela chegou e não há quem nos valha. Está para ficar e temos que conviver com ela todos os dias, a cada refeição, a cada sorriso, a cada desespero e se não a podes vencer junta-te a ela. Vem. Chegaste? Já não vais partir? Então chega-te porque vou fazer-te a vida negra. És para sempre, agora somos nós, depois vão ser só vocês, sem hipótese de dividir momentos, de matar … que ironia, matar saudades, então espera porque não vais ter tréguas. És tu que vais ganhar, não há guerra que possa vencer, mas venço-te todas as batalhas que conseguir. Vais sair ferida, pouco recordada e ignorada. E nada pior do que ser desprezada, do que não ser recordada, mais vale recordarmos o mau, do que nem sequer nos lembrarmos e vai ser assim. Não me lembro da morte ter passado pela tua vida. Não me lembro mesmo. Lembro-me do sorriso, das faces rosadas, do cheiro a comida lá em casa, lembro-me da tua luta, lembro-me de como era lindo o lenço que te dei, mas não me lembro de teres morrido. Raios parta quem não a vê à distância, quem se esconde por trás do muro de execução e não nos deixa trepá-lo e ver mais longe. Raios parta quem tem tanto medo de ver sofrer que ignora a vontade, o respeito, o desejo, a luta. Raios parta quem não se dá ao trabalho de estar para ver sofrer. Quem somos nos? Para que estamos por aqui? Que venha quem nos quiser levar, porque eu, garanto, vou sempre dar muita luta. E não há quem ou o que me demova. Ser grande é só ser gente e ser gente é só estar aqui para ver sofrer…

Wednesday, March 01, 2006

Cidade de anjos


Eles andem aí! Quer queiramos, quer não queiramos, eles andem aí. Povoam esta e outras cidades, cumprimentam os dias no inicio das noites e oferecem-nos cafés nos pontos mais inesperados da cidade. Cafés que insistentemente declinamos e que agradecemos com gentileza, como se a gentileza pagasse dividas nas saudades de um grande amor... Agarramo-nos ao que temos com a força do ontem, do hoje e do amanhã e muito dificilmente cortamos amarras com o que nos valeu. Ainda vale? Não! Mas valeu tanto...

E o café até é gostoso, é novo, não trás borras, não sabe a queimado, entornado, sobre a mesa que nos apoia os braços, desenha uma linha de vida, como aquelas que nos rasgam a palma das mãos e nos falam do tempo. E se não corrermos apressados a reparar a queda da chávena, ensopando o café que agora percorre os dias, mudamos o destino e a linha estende-se, escorregando pelo verde do ferro velho da mesa, enferrujada pela agressão continua do isolamento, e trazendo novos tempos. Só temos que nos permitir experimentar o café senão nem teremos a oportunidade de o derramar quanto mais de o deixar escorrer...

São servidos de um cafezinho?

Tuesday, February 28, 2006

Quero!


Quero acreditar! Como quero, acreditar que os dias não me vão trazer mais angústia, mais não verdades. Que o arrastar dos tempos me vai tornar mais madura, mais imune. Que me vai destruir os sonhos e fazer-me passar à realidade, porque eu sou igual a todos os outros e mereço o que está na prateleira e é de quem se servir primeiro.

Quero despertar! Quero despertar desta melancolia deitada nos dias que atravesso. Não! Que atravesso não, porque eu não me mexo, mas eles, os dias, tem pressa e lá vão passando. E passam devagar. Passam devagar os dias, porque as noites são tão curtas... tão curtas que não as consigo encontrar e nelas me perco.

Quero parar! Quero parar o tempo e ter tempo para ficar quieta, se conseguir. Porque estou hiperactiva, não descanso mas também pouco produzo, mais um pouco e não me falta nenhum critério diagnóstico para um sindroma de hiperactividade, não paro quieta, não descanso as noites, não concentro a atenção, não produzo e cá estou eu a recém chegada hiperactiva.

Quero simples! Quero conseguir pensar direito, perder a mania de que sou Deus que escreve certo por linhas tortas e traçar a linha recta na qual escreverei a minha vida. Sair deste estado de completo caos e passar à ordem. Ser policia sinaleiro destas ruas fechadas ao trânsito, esburacadas e mal tratadas pelo tempo e pela vida.

Quero fazer! Quero fazer aquilo a que me proponho e sentir-me bem com o que faço. Sentir que fiz o melhor que podia e não o que podia com o tempo que me sobrava. Que sobrava do que pura e simplesmente não gastava. Esteve lá sempre mas eu só o olho quando está a terminar, quando tem que ser senão passa a validade.

Quero tudo! Quero tudo e não quero nada. No fundo não sei o que quero, nem muito bem o que quero querer. Sabia o que não queria e já não achava mau, agora nem isso.

Pouca intimidade


Conquista-se. A intimidade conquista-se, constrói-se, mas leva o seu tempo, o orçamento tem que ser generoso e o tempo de licença de construção não pode ser limitado. Porque construir intimidade leva tempo e custa. Custa dedicação, entrega, lealdade, sinceridade, partilha, cedência e espírito. Espírito de procura, de vontade de encontrar. Encontrar o terreno certo para a construir é trabalho de mestre. Não pode ser fácil, se for terreno fácil rapidamente desaba com a intimidade construída à pressa e sob falsos pressupostos. Também não pode ser demasiado difícil. Se difícil roçando o impossível , não há partilha na cedência e se não há partilha ou cedência nem se consegue edificar, pelo que não há perigo de derrocada porque, por e simplesmente, não cresce. O terreno tem que ter vista. Se fechada, sem possibilidade de se encontrar com o que a rodeia, sem possibilidade de visitar o mundo, a intimidade atrofia, mingua, fica pequenina e acaba por desaparecer na monogamia exclusiva da única relação. As terras tem que ser férteis. Férteis de sorrisos, de novidades, de surpresas, a intimidade não pode ser monótona. Tem que ter espaço. A intimidade tem que ter muito espaço, tem que ser construída em cima da maior confiança e despertar confiança naquele com o qual a pretendemos construir.

Cansada, cansada só de pensar no que é preciso para construir intimidade e ainda só vou na escolha do terreno...

Patines



Há muito tempo que estou para escrever este texto. Há muito tempo foi tirada esta foto. Há muito tempo foi derramado aquele café. Já há muito tempo te devia ter dito isto:

És linda! És linda tu e tudo o que trazes contigo, o pacote completo. Tu e a tua sorte, tu e o teu encontro com ele, tu e a tua amizade, tu e a tua distracção habitual, tu e o teu sorriso, tu e a tua dedicação, tu e o teu stress calmo, tu e a tua voz doce, tu e ate o não te podermos levar para lado nenhum.

És linda assim mesmo, às voltas, sem saberes para onde te virares, virada para ti mesma, porque de ti para ti foges aos outros e dás mas não tens que receber, porque de frente tudo dói mais, pelo que andas de lado como o caranguejo e aterras, não, aplanas sobre os colos que escolhes e segues em frente.

Obrigado amiga por teres estado perto tantas vezes e por escolheres o meu colo para planar.

Um mundo vermelho


Que venha a mim um mundo vermelho.
Que entre por esta janela que deixei aberta.
Que não limpe os pés no tapete da entrada.
Que entre de rajada, sem pedir licença.
Que me atire contra a parede e me segure forte.
Que venha a mim no tom vermelho da paixão e do desejo.
Que se entorne sobre o meu corpo na intimidade da entrega.
Que me desperte um sorriso sustido no sopro de uma carícia.
Que me traga a crença cerrada do amar no ser amada.